
“Quando (Milton Dias) morreu, na manhã de 22 de março de 1983, deixou vago o seu lugar de melhor papo das rodas palestreiras desta terra de mares tão verdes, sábados líricos e tantas coisas que contar. Seus amigos o choraram em prosa e verso e alguns ainda apontam para o céu, em noites de nuvens escassas e muito uísque, de onde ele, feito estrela, ilumina a saudade de todos. Foi assim que Olga Stela o viu, quando produziu o poema
BALADA PARA O ENCANTADO
Na Ilha do Homem Só
No barco da Capitoa
Nas velas todas do mar
Lá está ele
Encantado
Nas cores do sol poente
Em cada boca da noite
Na brisa do alvorecer
Lá está ele
Encantado
Na várzea do Sete-Estrelo
No disco da lua cheia
No bojo da madrugada
Lá está ele
Encantado
Na Viagem do Arco-Íris
Na ciranda das Cunhãs
Nas ruas de Fortaleza
Lá está ele
Encantado
No compasso da viola
Nas noites de sereneta
Em cada gole de vinho
Lá está ele
Encantado
Nos pagos do Massapê
Na neblina que esvoaça
E abraça a Bica do Ipu
Lá está ele
Encantado
Nas ondas verdes do mar
De sua terra natal,
Nas águas do rio Sena
Lá está ele
Encantado
Nas baladas do sino
No toque da Ave-Maria
Na suavidade da tarde
Lá está ele
Encantado
Embaixo do pé de jambo
Onde a relva é sempre verde
Na morada mais singela
Lá está ele
Encantado
Na saudade que não passa
Em cada instante que passa
Na memória mais constante
Continua ele
Encantado
Continuará encantado
Como a estrela que morre
E seu brilho no firmamento
Permanece
Encantando”
Do livro Sábado, estação de viver, de Juarez Leitão.
Reproduzido no site da AFAI* em 13 de junho de 2010 por Airton Soares
ResponderExcluir* Associação dos Filhos e Amigos de Ipu